Com o fim das eleições municipais, marcadas pela ascensão ou fortalecimento de novos partidos em âmbito nacional, como o PSB e o PSD, os principais partidos do país começam a trabalhar com a sucessão presidencial no horizonte.
Diferentemente do que ocorreu nas últimas eleições para presidente, nas quais houve polarização restrita a PT e PSDB, para o pleito de 2014 existe a possibilidade da ascensão de novos atores para a disputa com o candidato do PT que, ao que tudo indica, será a presidente Dilma Rousseff.
PT tem dois nomes fortes
A presidente detém altos índices de aprovação e, ao demonstrar pouca tolerância com supostos episódios de corrupção envolvendo seus ministros, conseguiu atrair simpatia da parcela da população que desconfiava do PT por conta do mensalão.
Dilma aumentou também seu recall dentro do partido após sucumbir aos pedidos dos correligionários e participar diretamente das eleições municipais em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Campinas e Salvador, mesmo a contragosto de figuras de outros partidos.
Com frequência, especula-se que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha o desejo retornar ao posto --o que ele até chegou a admitir, sem mencionar, contudo, que se candidataria já em 2014.
Lula ainda é, com folga, a principal referência do PT, sobretudo após a
eleição de Fernando Haddad na capital paulista, uma vitória pessoal do ex-presidente, que bancou a candidatura do ex-ministro desde o início, enfrentando protestos dentro do PT.
Ainda assim, Lula descarta candidatar-se e insiste que Dilma será a candidata do partido em 2014, posição compartilhada pelo deputado estadual Rui Falcão (SP), presidente nacional do PT. ““É bom o partido ter mais de uma opção [para presidente]. Aliás, para presidente, o único partido que se quiser tem mais de um candidato é o PT, embora nossa candidatura em 2014 seja da presidente Dilma.”
Falcão afirma que o objetivo do PT é consolidar a aliança com os partidos da base do governo federal, em especial o PSB, e buscar o apoio de outros partidos, como o PSD. “2013 vai ser um ano de muito diálogo com esses parceiros para vermos suas pretensões, suas reivindicações por maior participação.”
“Nós apoiamos o PSD em Ribeirão Preto já no compromisso de que a
Dárcy Vera [candidata eleita] estará no palanque da presidenta Dilma em 2014. Quanto mais amplas puderem ser as alianças, dentro do programa que a gente defende, dentro do projeto que vem sendo construído, melhor. Se o PSD todo vier, será muito bem-vindo”, disse o petista.
PSB, de Eduardo Campos, sai fortalecido
O nome mais especulado para enfrentar o candidato petista à Presidência, ao lado do tucano Aécio Neves, é do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, principal figura do PSB, sigla que vem crescendo nas últimas eleições.
Publicamente, ele nega a candidatura e afirma que se manterá ao lado de Dilma. Ao mesmo tempo, mantém conversas com os tucanos e não descarta uma aproximação com o PSDB.
A exemplo do que ocorreu em 2010, quando o PSB elegeu cinco governadores --três no Nordeste-- os socialistas novamente saíram fortalecidos nas eleições municipais.
O número de cidades governadas pelo partido subiu de 310 para 442. A legenda governará seis capitais, o maior número entre todas as siglas.
De quebra, o PSB saiu vitorioso em disputas diretas contra o PT em
Belo Horizonte,
Recife,
Fortaleza e
Campinas. Nas duas capitais nordestinas, os socialistas quebraram a hegemonia de anos dos petistas. Tudo isso, entretanto, é pouco para cacifar Campos para a disputa de 2014, na opinião da deputada federal Luiza Erundina (PSB).
“Ele é uma liderança muito interessante, com muita habilidade e articulação política e um potencial enorme, talvez não para 2014. Ele precisa se fortalecer no Sudeste. Nenhum partido ou liderança política pode se lançar à Presidência da República se não for forte no Sudeste. Ele [Campos] não é forte em São Paulo, nem no Rio. Só no Nordeste”, diz a parlamentar.
Para Carlos Melo, cientista político do Insper, a força de Campos deve ser relativizada, sobretudo porque ainda se restringe ao Nordeste, e reflete a “torcida” de setores da oposição para que o socialista seja vice de Aécio em 2014.
“Por que Eduardo Campos trocaria 2018 por 2022. Se Aécio eventualmente for eleito Presidente da República, seria candidato à reeleição em 2018. E, portanto, Eduardo Campos só estaria no ponto em 2022”, afirma Melo.