Em nota, Nascimento diz que entregou cargo 'em caráter irrevogável'.
Saída ocorre após acusação de superfaturamento de obras públicas.
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), deixou o cargo nesta quarta-feira (6) após denúncias sobre um suposto esquema de superfaturamento em obras envolvendo servidores da pasta. A crise se agravou nesta quarta após suspeitas de que o filho do ministro tenha enriquecido ilicitamente em razão do cargo do pai.
Em nota oficial divulgada por volta das 16h40 pelo ministério - veja a íntegra no fim da reportagem -, Alfredo Nascimento diz que "decidiu deixar o governo" e que enviou "há pouco à presidenta Dilma Rousseff seu pedido de demissão em caráter irrevogável".
O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre a nota divulgada nesta quarta. Na segunda (4), a presidente afirmou, em comunicado, que tinha "confiança" no ministro.
Senadores do PR se reuniram nesta tarde com integrantes do governo para decidir o nome do substituto no ministério, mas o encontro terminou sem uma definição. No entanto, mais tarde o governo divulgou que o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, vai assumir o comando da pasta interinamente.
O Ministério dos Transportes afirma que Nascimento "vai colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas" e que "decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal".
Na nota em que anuncia que entregou o cargo, ele afirma que "coloca-se à disposição de seus pares para participar ativa e pessoalmente de quaisquer procedimentos investigativos que venham a ser deflagrados naquela Casa (Senado) para elucidar os fatos em tela".
Mudanças no governo
Alfredo Nascimento agora deverá voltar ao Congresso para exercer o mandato de senador pelo Amazonas, para o qual foi eleito em outubro de 2006, atualmente ocupado pelo suplente João Pedro, do PT. Também reassumirá, conforme o ministério, a função de presidente nacional do PR.
Ele fazia parte do time de atuais ministros que também integraram o governo Lula. Assumiu o Ministério dos Transportes pela primeira vez em março de 2004 e ficou até março de 2006, quando deixou o cargo para disputar as eleições ao Senado. Foi eleito, mas licenciou-se do mandato e voltou ao governo federal em março de 2007. Em março de 2010, deixou a pasta novamente para concorrer ao governo do Amazonas, mas perdeu.
Alfredo Nascimento é o segundo ministro a deixar o primeiro escalão de Dilma Rousseff após denúncias. No mês passado, Antonio Palocci deixou a Casa Civil após não conseguir explicar a multiplicação em 20 vezes de seu patrimônio em quatro anos, conforme revelado em reportagens publicadas pelo jornal "Folha de S.Paulo".
Outra mudança no governo Dilma ocorreu com o ministro Luiz Sérgio. Em meio a pressões de parlamentares da base aliada do governo, ele deixou a pasta das Relações Institucionais e foi para o Ministério da Pesca, trocando de lugar com a ministra Ideli Salvatti.
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