O empresário do ramo de entretenimento, André Dumet, e sua mulher, Lílian Bacelar, irmã do deputado federal João Carlos Bacelar (PR), tentaram extorquir o parlamentar em R$ 50 milhões, de acordo com a Polícia Civil. A dupla foi presa na madrugada desta terça-feira (27), em Salvador, após uma operação policial que também cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do casal, no bairro da Graça, na casa dos pais de Dumet, na Avenida Vasco da Gama, e na Pituba, no apartamento do seu irmão, um policial federal que teria conhecimento dos crimes praticados. Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta terça-feira (27), Oscar Vieira, titular da Delegacia do Consumidor (Decon) e responsável pela apuração a pedido do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), revelou que centenas de documentos – a exemplo de e-mails impressos –, pen drives e computadores foram apreendidos para a captura de provas. As investigações foram iniciadas há seis meses, a pedido do próprio Bacelar, que desconfiava ser alvo de espionagem. Os laudos periciais, conforme o delegado, comprovaram a interceptação de cerca de 600 mensagens do político, cujo conteúdo variava entre atividades parlamentares e questões pessoais. Dumet responderá a três inquéritos: por interceptação clandestina – por meio de programa de computador –, acesso de informações privadas e extorsão. Considerada coautora do último delito, Lílian responderá ainda por estelionato, pois é acusada ainda de, em 2011, retirar R$ 580 mil de forma fraudulenta da construtora da família – a Embratec – e transferir a quantia para a conta do marido, avaliado como participante da infração. Durante o depoimento, André Dumet evocou o direito do silêncio, mas, antes de ser encaminhado para o exame de corpo de delito, falou com a imprensa sobre o episódio. "Essa questão [a prisão] é porque todos os roubos que Bacelar vinha fazendo eu tinha prova. Ele queria exterminar todas as provas contra ele. Todos os meus bens e tudo o que consegui foi por conta própria", argumentou. Lílian já tinha sido transferida. O delegado Oscar Vieira informou que não teve acesso ao teor das correspondências eletrônicas e que investiga se houve alteração no conteúdo dos e-mails antes de parte deles ser enviada a veículos de comunicação. "O material servia para o deputado ser extorquido. Mas o réu não é o deputado e nós não podemos detalhar porque estaríamos violando a integridade parlamentar", ponderou. O titular da Decon não soube precisar quanto tempo a dupla poderá ficar presa, se condenada, mas resumiu que "a pena é alta". Durante o período de prisão preventiva – de cinco dias – o empresário ficará encarcerado na Polinter, no Complexo dos Barris, enquanto a irmã do deputado permanecerá na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), no Engenho Velho de Brotas.
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